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Segundo a recente pesquisa Global Economic Crime and Fraud Survey, da PwC, que ouviu mais de 7,2 mil entrevistados em 123 países, metade das empresas brasileiras sofreu algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos. E 7% delas relataram prejuízos acima de US$ 50 milhões.
Em 2016, apenas 12% das companhias nacionais foram vítimas destes crimes, de acordo com a pesquisa.
O aumento dos casos pode estar relacionado à maior percepção e compreensão do que é um crime econômico e, por consequência, sua identificação e acompanhamento. Tanto a sociedade quanto os órgãos reguladores estão exigindo mais transparência nas informações divulgadas e controles eficientes para prevenção e detecção de fraudes e crimes econômicos.
Os prejuízos decorrentes de crimes econômicos são muitos e impactam sobremaneira os negócios. A prática afeta o moral dos colaboradores, as relações comerciais, a reputação e a força da marca, as relações com órgãos reguladores e os preços de ações, no caso de companhias abertas.
Dentre os principais tipos de crime, estão as fraudes em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo) e crimes cibernéticos (22% no Brasil e 31% no mundo).
Percebe-se um esforço na fiscalização, bem como adoção de novas normas regulatórias ou inspeções relacionadas à lavagem de dinheiro, por exemplo.
No Brasil, 62% das empresas passaram por alguma ação ou inspeção nos últimos 24 meses, 34% a mais do que em 2016.
O empenho na fiscalização está relacionado com os recursos existentes nos órgãos fiscalizadores. A recente Lei Anticorrupção brasileira também colabora para isso.
O que se tem percebido também nos últimos anos é um maior preparo dos profissionais que investigam crimes econômicos e o emprego massivo da tecnologia para este fim. Isso pode ser um fator positivo em um momento em crescente dependência de dados e com uma grande interconectividade proposta pela era digital.
Apesar do crescente investimento no combate ao crime econômico, a mentalidade ainda está muito voltada à ação reativa. Somente 54% das organizações no mundo fizeram uma avaliação geral do risco de fraude ou crime econômico nos últimos dois anos, sendo que menos da metade realizaram avaliação quanto à vulnerabilidade a ataques cibernéticos.
Menos de um terço das empresas avaliou áreas críticas, com risco significativo de suborno, corrupção e lavagem de dinheiro.
É natural que as empresas passem a direcionar cada vez mais seus investimentos à prevenção à fraude, incorporando medidas na estrutura da primeira linha de defesa, em que o CEO e a alta administração são responsáveis pela gestão dos riscos e prestam contas ao conselho.
Para combater crimes econômicos, muitas empresas fortaleceram seus controles internos e ampliaram programas de denúncias. A pesquisa da PwC revela que a maior parte das organizações mantém as lideranças cientes dos crimes mais graves para os negócios: 97% dos casos foram levados ao conhecimento da diretoria ou líderes de governança no Brasil, contra 91% no percentual global.
Para fortalecer o ambiente de controles internos, algumas ações devem ser realizadas. O conselho de administração e os executivos precisam dar o tom para a organização (“tone at the top”), as organizações devem fortalecer a cultura organizacional quanto à gestão de riscos, ética e compliance, com a conscientização dos colaboradores e aumento do incentivo à denúncia de práticas inapropriadas.
Também, para fortalecimento do ambiente de controles internos é fundamental que as organizações invistam nas pessoas e não somente em tecnologia, com o objetivo de gerenciar o triângulo da fraude: incentivo/pressão; oportunidade e racionalização.
As três linhas de defesa devem estar adequadas, com profissionais capacitados, tecnologias alternativas e disruptivas etc. Por último, a administração precisa realizar um trabalho detalhado para a identificação dos riscos, sem deixar de lado a missão, visão e valores da organização.
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